segunda-feira, outubro 18, 2010

Resenha (2)



Resenha crítica do livro “Irmãos, não somos profissionais” – John Piper

John Piper objetiva com seu livro- Irmãos, não somos profissionais- difundir uma paixão pastoral radical pela supremacia e centralidade do Deus-homem crucificado e ressurreto, Jesus Cristo, isto, em cada esfera da vida, ministério e cultura. O intuito do titulo do livro visa libertar ministros do evangelho da pressão que sofrem para se amoldarem às expectativas culturais do profissionalismo. O livro faz soar o alarme contra o orgulho do status, a expectativa de paridade salarial e o empréstimo de paradigmas do universo profissional.
John Piper fala a favor de um cristianismo não normal e não seguro, mas insensato e perigoso, apontando para a realidade vergonhosa do calvário fortalece seu pensamento- esse é o centro da vida pastoral. Para ele quanto mais ministros se aproximam do que torna o cristianismo repulsivo, mais próximos se encontram do que o torna glorioso. Sem sangue, não há graça, não há glória.
Denuncia em todo tempo o contraste entre profissionalismo e pastoreio. Profissionais são honrados, respeitados, sensatos, fortes; os ministros do evangelho não têm respeito, são fracos, passam fome, nudez e falta de moradia; tem como primeira atividade ansiar por Deus em oração, chorar pelos pecados. Provoca então o autor “Por acaso existe choro profissional? Como é possível carregar uma cruz de modo profissional? O que seria, então, a fé profissional? Como é possível se embriagar com Jesus profissionalmente? Existe um modo de ser um vaso de barro profissional?”. Para em seguida, apaixonado, exclamar: __Irmãos, nós não somos profissionais!
Partindo desses pressupostos o autor se mostra favorável aos pastores que amam as escrituras, que estão centrados em Deus, quem amam a Cristo, que se auto-sacrificam, que são mobilizados por missões, que buscam ganhar almas e confrontam a cultura vigente.
Desenvolve em seu livro, a cada capítulo, um tema e exortação dirigidos aqueles que se propõem a exercerem o ofício pastoral. Trabalha entre outros temas: o amor de Deus e sua glória; o correto serviço cristão; a justificação pela fé; o hedonismo cristão- com ênfase no dever do crente de se deleitar em Deus; a oração; a importância da leitura de biografias cristãs- citando largamente Jonathan Edwards como fonte de inspiração em seu ministério; argumenta ainda a favor da necessidade de ministros darem fim ao acúmulo de bens e viverem uma vida simples; convoca pastores a ministrarem na calamidade; a adorarem na essência e não na forma; a pregarem contra aborto e racismo; a fazerem missões levando em conta que só é possível três opções: ir, enviar ou desobedecer. É imperativo. E dessa forma peculiarmente radical e apaixonada o autor conclama a seus colegas pastores a abraçarem seu chamado de forma radical, difundindo a alegria não da excelência profissional, mas dos prazeres da comunhão espiritual com o Cristo crucificado e ressurreto.
Recomendo a leitura do livro e o considero oportuno para o momento histórico da Igreja Cristã e seus ditos líderes, que se amoldando aos paradigmas empresariais buscam sucesso, reconhecimento, status, poder, dinheiro, profissão e suas categorias de competência e desenvolvimento pessoal; torna-se, em tal época, titulo de leitura imprescindível para todos que se ocupam com seriedade do rebanho de Deus. O livro caminha na contramão da realidade empresarial e profissional tão cultuado nos dias atuais. Após sua leitura ficou claro o lugar para o qual fui chamado- o golgota, com suas implicações de uma vida de sacrifício e dificuldades em contraste com o sonho profissional e busca por uma vida harmônica livre de desassossegos. A leitura do livro ainda me alertou para uma série de acomodações culturais nas quais no dia a dia me via inserido, como a tolerância excessiva que se priva da pregação do evangelho sobre pretexto de incomodar o vizinho. Alentou meu coração com a esperança de um evangelho vivo, confrontador do homem e seu pecado; que traz respostas às calamidades externas e internas da humanidade. Ampliou meu anseio por vida simples. Ratificou fundamentos importantes como a paixão por almas, pela oração, pelo chamado, pela fraqueza da cruz, me fortalecendo para esse período de seminário por vezes tão árido, me alertando para a realidade que um dia, constrangido em amor, disse sim. Como dizer não?

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo

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