segunda-feira, abril 25, 2011

Autobiográficoehistórico


O menino emburrado da foto:
Escreve.
Tentativa de encher seu mundo de significado.
O corpo com a mente cresceu.
Mas seu coração,
Embruteceu.

Restaram os cacos
dos ovos
da Páscoa
do fim
do medo
da dor

Restaram pedaços
restaurados
colados
no estômago alimentado
Entre milhares
um
passa fome
Até quando?

Sobraram gracejos
saudades
do céu
sem-mais-despedidas
dias perdidos
corações fragmentados
em vida
que morte feliz!

Veio decidido
morrer
partir-se em tantos
que todos
pudessem entender
esse maior
mistério refaz
o coração do que crê

Ah meu Deus!
Nós viajamos tanto
a fim de encontrar
um lugar...
Fiquemos aqui, porfavor
em ti, temos paz.


Ricardo F. Silva
25/04/2011
Livre, preso, pleno, em Cristo

Movimentos intensos
Passos adiante
Há alvo
Mas,
e a paisagem?

"Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?"

-Adriana Calcanhoto - Esquadros

segunda-feira, abril 18, 2011


Coelhinhos no varal
Agora limpos e secos
Voltaram para as prateleiras do mercado
Re-modelados pela água sanitária
Última proposta moderna
Desbotados, mais limpos

Então é dia dos ovos,
dos chocolates,
do consumo alegre dos que podem.
É indescritível o prazer:
comer um ovo de chocolate de um coelho desbotado!
Quanto mais caro, mais doce-amargo!

Com fundo musical se ouve ao fundo:
"ressuscitou o Filho de Deus"

É tudo uma questão de coração.
E de estômago.

Por que seguimos patinhas e esquecemos o crucificado?

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno em Cristo
18/04/11

sexta-feira, abril 15, 2011

discípulos e Discípulos


Sêneca, filósofo, disse certa vez que “todos os portos parecem distantes, quando não se sabe aonde quer chegar”. Alice em suas aventuras no país das maravilhas perdeu sua direção, ao encontrar o Gato de Cheshire lhe perguntou “...qual o caminho para sair daqui?” – o Gato lhe respondeu “Isso depende muito do lugar para onde você quer ir”. Alice retorquiu “Não me importa muito onde...” o Gato então assinalou “Nesse caso não importa muito por onde você vai...”.

O discípulo sem Mestre é aquele que caminha por si. O discípulo sem Mestre um dia disse “sim”, mas optou por ignorar sua cruz todos os outros dias de sua vida. O discurso é comovente, as ações incoerentes. É um paradoxo morto, doente, não inspira ninguém. Por não saber para onde vai, toma qualquer caminho. Ah, é como a “...folha ao vento”. Nenhum porto lhe é visível, apenas navega sem direção. Segue de coro a canção “deixa a vida me levar...”. Muitos ditos cristãos ainda não sabem para onde estão indo!

Pensando o discipulado, passo inerente à genuína conversão cristã, ser discípulo é seguir, ir após outro- é ter Mestre! Abandonar-se, entregar-se, submeter-se a esse “homem que ensina”. É responder à pergunta “em minha situação o que faria Jesus?”. De fato, é impossível ser discípulo sem um Mestre, é impossível ser cristão sem seguir a Jesus Cristo.

O discípulo verdadeiro é uma incógnita, um paradoxo vivo, saudável, inspirador. Embora “Ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe para onde vai.” ele sabe muito bem de onde veio e para onde está indo. Não nasceu das estruturas desse mundo, “carne ou sangue”. É alienígena. Está de passagem. Dele “o mundo não é digno”. Ele acompanha Jesus.

Mesmo uma leitura superficial dos evangelhos é suficiente para ouvir aquela doce voz convidar: “siga-me”, se obedecermos, já estaremos no Caminho, e claro será nosso porto.

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo
15/04/2011