segunda-feira, janeiro 12, 2009

Sobre a dor deixada...


Fica uma dor e ainda bem
é bom deixa-la e partir
não levarei-a
talvez não para sempre
e assim não será
por algum momento sou livre
sou pleno
e existo

Não teve pão de queijo
e não-pouco doeu
e chorei
e compreendi
a morte
é o fim para vida

Agora que me falta morrer

Caminho para o matadouro
sem laços que não sejam amor
sem caminhos que não sejam ternura
sem vida que não seja entrega
sem droga nas sacolas
sem merda na cabeça
sem estar alto
me elevo

E não posso mais morrer
a vida me alcançou bela
e triste
partiu
não para sempre
mas já não importa
agora que sei que és triste e feliz
viver

Agora é o tempo
é o tempo
o tempo de partir
sem dor

E me entregar para doer

E que doa mais que
a dor que eterna carrego, dentro de mim
e se for, o que duvido
eu rirei na cara dela
e chorarei
feliz pelo privilégio de sentir
algo que fere, não morre, não-mata
não mais...

...................................

E se sempre doer...
ainda,
poderei amar.

Ricardo F. Silva
(Nuwanda)

"E é só você que tem a cura pra meu vicio de insistir, nessa saudade que eu sinto... de tudo que eu ainda não vi."
Indios - Legião Urbana

2 comentários:

Anônimo disse...

divida comigo
o pão
o vinho
os versos mal dormidos
os sonhos despertados por galos apressados e cada lágrima.

vai...
deixa a dor, o olhar e a pena com que escreves e a pena que te refaz.

Anônimo disse...

"a luz nem era assim tão clara...".