quinta-feira, outubro 01, 2009

O preço de Deus


“Os olhos dela não piscam. É Magnólia comprando Deus pela TV, ao vivo e a cores, em espécie ou cheque. Ela telefona, alguém intermedeia, analisa o pedido, faz o orçamento. Fecham negócio. Fecha os olhos, recebe a benção. Quase de graça. Quase.

Adora-se o dinheiro, adora-se deus, adora-se as bençãos da trindade deus-dinheiro-deus, adora-se as bençãos, adora-se (a-si-mesmo), adora, a dor, ah...


Boa parte da cristandade endossa o consumismo moderno e o afirma em suas teologias. Deus pode ser comprado pela TV- ao vivo e a cores ou internet- em tempo real pelo fruto do dinheiro-trabalho-mérito. Os shoppings se erguem como o atual templo de mamon. Nunca se quis tanto ter, nunca ser.

O imediatismo quer tudo para ontem. A religião-igreja supre o mercado espiritual com seus ritos mágicos de prosperidade e sua fórmula paz-paz. Não há paz. Preenche os anseios dos que querem ter e ter-sem-fim. Ter Deus. Ter dinheiro. A química do 2 em 1: Shampoo e condicionador.

Os templos Shoppings lotados, crescem vertiginosamente, revelam que o deus mamon está em plena atividade e domina a liturgia social. A mídia, publicidade e propaganda são seus missionários em tempo integral. Nós, devotos, queremos a moda. Queremos agora. Mesmo por apenas uma estação. Deuses descartáveis a cada 3 meses. Adaptáveis a imagens de toda sorte, status-a. Confortáveis às ultimas necessidades do momento: Dá e dá. Ao preço do nosso dinheiro, fruto do nosso pesado-suado-trabalho-mérito. Repetir Caim, matar Abel.

O evangelho que não nos mede pelo que temos, nos ensina a crer e ser-como-Ele-É: vazio de glória e posse. Vazios de si. Ora, o que temos é dádiva a se compartilhar. São Francisco de Assis em seu radical voto de pobreza nada tinha, com isso, nada tinha a perder! Thoreau, filósofo da natureza, apontava a riqueza de um homem pelo que ele pode prescindir, e a pobreza pelo fardo do ter.

Amigos o evangelho nos des-pré-ocupa: nossas necessidades Deus supre. Com a dádiva do trabalho honesto e a dádiva do descanso. Com a dádiva da fé. Consumamos exaustivamente, diariamente, freneticamente, comunitariamente: as vestes do cordeiro, o pão da vida, a água que mata a sede, o colírio que abre os olhos, o vinho novo. De graça. Simples assim. Creia!

Se desejar medite: Mt 6:19-24; Ap 22:17 e 3:17-18; Is 55: 1-2; Jo 6:35 e 7:37-38


Ricardo F. Silva

Livre, preso, pleno, em Cristo.


4 comentários:

Unknown disse...

Muito boa a reflexão ... recomendo uma musica do Diego Venancio ... segue o link ... http://www.youtube.com/watch?v=7uTAr-8HiNA

vinicius disse...

pequenas igreja, grandes negócios

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Sou criador da comunidade Gladir Cabral no orkut ... me acha lá !!! Abraç(o_____