Ele chegou- o inferno... Digo, outono, ainda. Digo, o março, o abraço, se foi. O frio ficou. No peito. No zelo. Na dor. No preocupar, com o abandono.
Não abro a janela e o deixo de fora, Eu sei, que quando sair, ele me espera A vida, cinza, com ventos grisalhos, não precisa bater na porta. É senhora do tempo. Faça sol, mas sempre faz chuva e vento.
Mentiram para mim, Chove, chora e faz cinza, nas quartas e quintas Nos domingos, nos inicios E nos fins
Que loucura, ignorar o frio, o vento, o abandono... Que loucura, ignorar o fim! Que loucura ignorar o som da chuva lá fora, se aqui dentro, ela mata mais um.
O inverno grita, plenos peitos- "não morra ainda, espere por mim"
Ao menos chuva, chova Não fique por aqui, ensaiando Se derramando em possibilidades negras, apáticas, monocromáticas dolorosas ventanias me cercas, tu que não cais não mar, não beira, não vem- só fica ensaiando o desfecho. Só fica mordendo o anzol, matutando a ferida despedindo a vida, fazendo chorar num dia tão triste
Caia! para que eu ria! para que me comova, e enfrente a vida! não deixe no ar, sua volúpia, seu chorar! chore também, para comigo integrar... venha com tudo, mas venha! não fique ae, parada! chorada! maiada! Se podes cair, caia! Se não podes, não o faça, eu me des-faço do laço do desejo, do ensejo, do vigor, do alvo me alegro com o que basta, nuvens de possibilidades estrondos, frio, dor você fica ae, eu ficarei aqui chovo porque gosto do molho, gosto da sopa que dá quando a alma se vai, fica um gosto menos amargo mesmo vicio, café
Mas não acaba aqui, nunca acaba assim tem sempre um fim, que agora é lá onde outras vidas, espero viver molhado caminhar que virtude, fantasiar! gemer! chorar! cair! levantar! sempre trazendo mais vida, sempre depois, da tormenta e da queda o desvio, o mar, se deu, meu Deus, por mim, oxalá
Chora minha nuvem, chora! venha mamar! a terra te chama! os ventos improvisam! venha cantar! e se mesmo assim não quiser, tudo bem eu entendo! eu entenderei! o fardo do só que nem nessa vida pode gozar o dom da chuva, no outono se o dia realmente decidiu triste-ar
Te desafio novamente! se não cair, eu te jogo dae! não tenho força, mas tenho o dom, e na fantasia tu não podes ficar! aqui dentro, nem sempre se manda, mas em algo, eu posso mandar! te vejo caindo, te vejo caida! estendo as mãos, levanter-se-a, minha amiga! eu também choro, eu também caio, eu também deliro! na vida, convém, ser-se-ar sem forma, sem rumo, sem lugar ser alguém, ser-ser-ser e voar improviso também sua altivez, pois sei que não há maior, que um dia negue o prostar! não há dor não há em cair, e levantar!