“Os olhos dela não piscam. É Magnólia comprando Deus pela TV, ao vivo e a cores, em espécie ou cheque. Ela telefona, alguém intermedeia, analisa o pedido, faz o orçamento. Fecham negócio. Fecha os olhos, recebe a benção. Quase de graça. Quase.
Adora-se o dinheiro, adora-se deus, adora-se as bençãos da trindade deus-dinheiro-deus, adora-se as bençãos, adora-se (a-si-mesmo), adora, a dor, ah...”
Boa parte da cristandade endossa o consumismo moderno e o afirma em suas teologias. Deus pode ser comprado pela TV- ao vivo e a cores ou internet- em tempo real pelo fruto do dinheiro-trabalho-mérito. Os shoppings se erguem como o atual templo de mamon. Nunca se quis tanto ter, nunca ser.
O imediatismo quer tudo para ontem. A religião-igreja supre o mercado espiritual com seus ritos mágicos de prosperidade e sua fórmula paz-paz. Não há paz. Preenche os anseios dos que querem ter e ter-sem-fim. Ter Deus. Ter dinheiro. A química do 2 em 1: Shampoo e condicionador.
Os templos Shoppings lotados, crescem vertiginosamente, revelam que o deus mamon está em plena atividade e domina a liturgia social. A mídia, publicidade e propaganda são seus missionários em tempo integral. Nós, devotos, queremos a moda. Queremos agora. Mesmo por apenas uma estação. Deuses descartáveis a cada 3 meses. Adaptáveis a imagens de toda sorte, status-a. Confortáveis às ultimas necessidades do momento: Dá e dá. Ao preço do nosso dinheiro, fruto do nosso pesado-suado-trabalho-mérito. Repetir Caim, matar Abel.
O evangelho que não nos mede pelo que temos, nos ensina a crer e ser-como-Ele-É: vazio de glória e posse. Vazios de si. Ora, o que temos é dádiva a se compartilhar. São Francisco de Assis em seu radical voto de pobreza nada tinha, com isso, nada tinha a perder! Thoreau, filósofo da natureza, apontava a riqueza de um homem pelo que ele pode prescindir, e a pobreza pelo fardo do ter.
Amigos o evangelho nos des-pré-ocupa: nossas necessidades Deus supre. Com a dádiva do trabalho honesto e a dádiva do descanso. Com a dádiva da fé. Consumamos exaustivamente, diariamente, freneticamente, comunitariamente: as vestes do cordeiro, o pão da vida, a água que mata a sede, o colírio que abre os olhos, o vinho novo. De graça. Simples assim. Creia!
Se desejar medite: Mt 6:19-24; Ap 22:17 e 3:17-18; Is 55: 1-2; Jo 6:35 e 7:37-38
Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo.