terça-feira, junho 12, 2012


                    Amendoeiro em flor. 1890. Van Gogh. 


A possibildade de primavera me encerra
me embala os ultimos dias de inverno
acalenta a esperança, me afeta

esperar com data é espera incerta
Estações esquisitas, mundo pós-moderno

esperar ao léo, é fé premiada
esperar melhoras é recurso raro, alheio, ao lado
mas quem espera, sempre a-certa.

Se orasse dores e sussurrase amores,
colheria invernos, pelos tempos distantes (que época!)
Sorrio, passo adiante, logo, será primavera.

Ela vem para dizer que nem tudo é inverno
Que no meio, no fim, no ínicio, tudo já está certo
Em ti, Senhor, espero um dia não,
espero todos eles, um por um.

Dizem que é vão:
Sei não, espero como quem sonha.
Como com saudades.
Como quem vive perdido,
mas não perde a vontade:
Ver teu Reino por estas bandas de cá,
como é do lado daí. 

Cansei de desistir, já cruzei uma linha sem volta.
E se volto (por vezes!), temo não.
Não poderia ir a outro lugar que não a Ti.(Senhor!)
Des-caminhos são curtos, a vida será longa. (Eterna!)
Tá tudo muito bem resolvido, os dias entrego,
e enquanto for inverno, será desejo de primavera.

Ricardo Ferreira Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo.

quarta-feira, outubro 05, 2011

terça-feira, junho 28, 2011

Louca flor




Foi assim comover o mar
Vê-lo chorar
se movimentar
ao lado, total, de

Peta-lar
a flor abrigou a dor
aceitou o perigo do amor (ah-mar!)
assim foi o dia tal


Tá escrito.

Ricardo F. Silva
29/06/2011

A pista, a vida e o lado



Durmo pelado
acordo manhado
vivo cansado
trabalho pensado
corro não, corro não

a pista está livre,
vá-lá-campeão!

To marginal
Imagino o mal
giro não
caminho do lado
desconfiado
já fui tão enganado
agora só-corro,
parado, acompanhado
com o pé ao lado.


Ricardo F. Silva "Nuwanda"
29/06/2011

O amor ser foi calado



Tão encharcado de humanidade
choro calado.
Vejo horizonte distante,
certeza titubeante,
coração despedaçado.

é a defesa do espaço
do quadrado
que fere a alma

é o discurso do fracasso
batido, apanhado
grosseiro, calado

é a vida que não pega no pé
que não vicia
quer mais dor-lá
lado, lugar, vulgar, barato

é o estar só
sofrer calado

sorriso nervoso
tedio vidrado

morte na cruz
morte calado

sempre sempre sempre, cá-lado
não lá-lado
onde o vento sopra frio no inverno, é-cá
a pele sempre minha
se eriça calada

agitado por dentro, permaneço sensato
sonambulo, sonhado, medíocre, manipulado
expressão mimada

cercado de todos os lados de cá
cerrado pelo tempo que há
visando- há vida que há
cá, ou lá, ou dor?

peso pesado
dor lado, dor-me
o amor


Ricardo F. Silva "Nuwanda"
28/06/2011

terça-feira, maio 10, 2011

Sobre a juventude e o sentido da vida



O Eclesiastes foi escrito por um homem envelhecido, pelo tempo, e também com uma alma velha. Salomão chegou ao fim da vida e constatou – ela é breve. A juventude passa rápido. A morte é uma certeza indesejada. E agora, próximo do fim, ele confidencia seus pensamentos a uma nova geração que está iniciando sua caminhada.
Sua grande questão faz coro com toda a humanidade – “Qual o sentido da vida?”. A vida vale a pena? – seu temor era morrer sem descobrir porque motivo viveu. Ele é pessimista – nada faz sentido, tudo é vaidade, é névoa de nadas, bolha de sabão, é correr atrás do vento.

Salomão olha ao seu redor, todas suas conquistas agora jazem frias. Não adiantou de nada. De repente uma memória faz seus olhos brilharem. Ele finalmente pode compreender o exercício da vida, essas palavras são seu maior legado ao jovem caminhante: “Honre e desfrute do seu Criador enquanto você é jovem, antes dos anos que trazem o preço de diminuir a força, antes que a visão escureça e o mundo pareça confuso, antes que os anos de inverno o prendam perto do fogo”.

Sim, antes de qualquer projeto, é preciso lembrar-se de não esquecer – existe um Deus Criador digno de honra e ser desfrutado, Ele é fonte de prazer indizível. É um apelo simples demais para não ser compreendido – Não viva como se Deus não existisse! É a única forma da juventude não se tornar vã, de os dias serem sábios, de dar um olé no vento e nas vaidades.

O tempo não para, as forças se vão, mas aqueles que confiam em Yahweh permanecem para sempre. Sejam velhos, sejam moços. A vida aqui é apenas o começo de uma realidade maior.

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo
10/05/2011

segunda-feira, abril 25, 2011

Autobiográficoehistórico


O menino emburrado da foto:
Escreve.
Tentativa de encher seu mundo de significado.
O corpo com a mente cresceu.
Mas seu coração,
Embruteceu.

Restaram os cacos
dos ovos
da Páscoa
do fim
do medo
da dor

Restaram pedaços
restaurados
colados
no estômago alimentado
Entre milhares
um
passa fome
Até quando?

Sobraram gracejos
saudades
do céu
sem-mais-despedidas
dias perdidos
corações fragmentados
em vida
que morte feliz!

Veio decidido
morrer
partir-se em tantos
que todos
pudessem entender
esse maior
mistério refaz
o coração do que crê

Ah meu Deus!
Nós viajamos tanto
a fim de encontrar
um lugar...
Fiquemos aqui, porfavor
em ti, temos paz.


Ricardo F. Silva
25/04/2011
Livre, preso, pleno, em Cristo

Movimentos intensos
Passos adiante
Há alvo
Mas,
e a paisagem?

"Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?"

-Adriana Calcanhoto - Esquadros

segunda-feira, abril 18, 2011


Coelhinhos no varal
Agora limpos e secos
Voltaram para as prateleiras do mercado
Re-modelados pela água sanitária
Última proposta moderna
Desbotados, mais limpos

Então é dia dos ovos,
dos chocolates,
do consumo alegre dos que podem.
É indescritível o prazer:
comer um ovo de chocolate de um coelho desbotado!
Quanto mais caro, mais doce-amargo!

Com fundo musical se ouve ao fundo:
"ressuscitou o Filho de Deus"

É tudo uma questão de coração.
E de estômago.

Por que seguimos patinhas e esquecemos o crucificado?

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno em Cristo
18/04/11

sexta-feira, abril 15, 2011

discípulos e Discípulos


Sêneca, filósofo, disse certa vez que “todos os portos parecem distantes, quando não se sabe aonde quer chegar”. Alice em suas aventuras no país das maravilhas perdeu sua direção, ao encontrar o Gato de Cheshire lhe perguntou “...qual o caminho para sair daqui?” – o Gato lhe respondeu “Isso depende muito do lugar para onde você quer ir”. Alice retorquiu “Não me importa muito onde...” o Gato então assinalou “Nesse caso não importa muito por onde você vai...”.

O discípulo sem Mestre é aquele que caminha por si. O discípulo sem Mestre um dia disse “sim”, mas optou por ignorar sua cruz todos os outros dias de sua vida. O discurso é comovente, as ações incoerentes. É um paradoxo morto, doente, não inspira ninguém. Por não saber para onde vai, toma qualquer caminho. Ah, é como a “...folha ao vento”. Nenhum porto lhe é visível, apenas navega sem direção. Segue de coro a canção “deixa a vida me levar...”. Muitos ditos cristãos ainda não sabem para onde estão indo!

Pensando o discipulado, passo inerente à genuína conversão cristã, ser discípulo é seguir, ir após outro- é ter Mestre! Abandonar-se, entregar-se, submeter-se a esse “homem que ensina”. É responder à pergunta “em minha situação o que faria Jesus?”. De fato, é impossível ser discípulo sem um Mestre, é impossível ser cristão sem seguir a Jesus Cristo.

O discípulo verdadeiro é uma incógnita, um paradoxo vivo, saudável, inspirador. Embora “Ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe para onde vai.” ele sabe muito bem de onde veio e para onde está indo. Não nasceu das estruturas desse mundo, “carne ou sangue”. É alienígena. Está de passagem. Dele “o mundo não é digno”. Ele acompanha Jesus.

Mesmo uma leitura superficial dos evangelhos é suficiente para ouvir aquela doce voz convidar: “siga-me”, se obedecermos, já estaremos no Caminho, e claro será nosso porto.

Ricardo F. Silva
Livre, preso, pleno, em Cristo
15/04/2011